Bastidores do moovee.me

Se você me segue pelo Twitter, com certeza você já sabe que eu e o Thiago Campezzi lançamos o moovee.me, um site/rede social de reviews de filmes em até 140 caracteres. Hoje ele faz um mês de idade e nesse tempo, nós fomos surpreendidos por tudo o que aconteceu. Um monte de gente acessou, quase 40 mil reviews foram feitos e uma porção de coisas tiveram que ser implementadas antes do previsto por causa do tráfego inesperado.
O objetivo desse post é contar um pouco dos bastidores do desenvolvimento e alguns de quando o site foi efetivamente lançado. Há mais informações no post que fiz no Brainstorm#9

A idéia

Tudo começou quando eu e Thiago estávamos tentando pensar em uma idéia para um aplicativo de iPhone. Era algo que ele queria fazer e eu também estava interessado em desenvolver algo que realmente fosse me ajudar na minha rotina. Algo que eu realmente gostaria de usar. Pensamos em várias coisas mas nenhuma nos encantava até que vendo como as pessoas usam o Twitter, nós percebemos que várias pessoas comentavam os filmes que assistiam e notamos que esse seria um app que nós usaríamos justamente para fazer isso. Ao começarmos a detalhar como seria esse aplicativo, vimos que seria necessário um serviço online muito estruturado para que o ele funcionasse. Paramos e resolvemos mudar a ordem. Ao invés de começar pelo app, começamos pelo serviço online para depois fazer uma versão para iPhone.

Desenvolvimento

Começamos a buscar APIs que poderíamos usar. Claro que pensamos em primeiro lugar na do IMDB mas na real, o que houve foi que para usa-la teríamos que pagar pelo menos US$15 mil e isso foi um limitador já que não tínhamos grana e era um projeto pessoal. Testamos uma que não nos atendeu e vimos que a do Netflix era bem mais completa e nos atendia melhor. E a escolha pela API da Netflix impactou em todo o resto e no posicionamento do moovee.me. Como todos os títulos estavam em Inglês se tornou natural que o site fosse desenhado para o mercado internacional para não ficar algo sem pé nem cabeça. Se não temos um banco de dados em português, vamos fazer em inglês e para o publico que fala inglês.

Em paralelo estávamos pensando em nomes para o serviço e moovee.me foi o escolhido porque era algo que era próximo de movie e o domínio .me foi escolhido porque a idéia era ser um movielog mesmo. Uma maneira de registrar os filmes que você já viu.

Definido isso, o Thiago montou uma versão tosca do sistema para vermos como seria. Era algo bem feio e bem distante do que existe hoje. As estrelas do rating eram um pulldown, as capas não apareciam era apenas pelo nome dos filmes e tal. Começamos a usar e nós acabamos viciados no serviço. Na primeira vez que usamos cada um fez mais de 40 reviews em um banco de dados que seria apagado depois. Quando notamos isso, foi complicado de segurar a empolgação. Depois de uma busca por designers para nos ajudar a fazer o site, chegamos no Demian e chamamos o Renan para recortar e montar o HTML. Escolhas acertadas, sem dúvida.

Nossa primeira reunião presencial foi no Prime Burger da Vila Olímpia/Itaim. Comemos, conversamos e começamos a rabiscar o wireframe do site. As boas sugestões eram definidas na hora por votação de todos. Foi assim que a Wishlist entrou no moovee.me. Se não me engano, o Demian sugeriu e concordamos que seria interessante. Logo isso se tornou um dos meus itens preferidos. As coisas foram andando a partir daí. Demian começou a fazer o layout, o Renan começou a preparar os detalhes de Javascript das estrelas de rating entre outros, o Thiago continuou programando e eu comecei a escrever os textos do site, emails e gerenciar o projeto.

No começo usávamos o Basecamp (conta free) para as tarefas e mensagens e o Google Wave para arquivos e validações. Esse esquema foi feito para não pagarmos uma conta no Basecamp, coisa que se provou uma economia boba e trabalhosa. Em um mês de uso migramos totalmente para uma conta paga no Basecamp e lá estamos até hoje.

Nessa mesma época eu estava relendo Rework, o livro dos donos da 37signals e criadores do Basecamp, em que eles sintetizam muitas das idéias do outro livro Getting Reale focam no processo todo de lançamento de um produto. Na primeira vez que li não da conseguia ver a aplicação de todas as dicas do livro na minha realidade. Achava que era um exagero e que eles estavam falando da boca para fora o que era bom senso na maioria das vezes. Eu discuti isso algumas vezes com o Dudu Pontes que cismava em falar que eu estava errado e tal. E eu insistia em dizer que a maior parte das coisas não se aplicava para a publicidade. Principalmente para a publicidade no Brasil. Tive que mudar a minha opinião ao notar que tudo o que há no Rework faz sentido quando o assunto é o lançamento de um produto online e não de uma campanha de terceiros. De alguma maneira o livro virou a nossa bíblia e continua nos ajudando até hoje.

Beta testers

Enquanto os layouts ficavam prontos e eram recortados e programados nós, mesmo sem algumas funcionalidades, resolvemos chamar alguns amigos para serem Beta testers do serviço. Ainda estávamos com o layout tosco quando chamamos os primeiros. Muitos foram educados, falaram que o serviço era legal mas que aquele layout não ajudava a experiência. Quando o layout ficou pronto os avisamos disso e chamamos mais alguns. Aí a brincadeira começou a ficar interessante. Várias sugestões interessantes e dicas para melhorar a usabilidade e tal. Nesse momento também notamos que os Top Users começaram a se tornar uma competição informal mas, como estávamos entre amigos e, novamente, todos eles estavam se comportando, algumas tendências de uso não se manifestaram nesse momento.
Obrigado a todos vocês que ajudaram a testar antes do lançamento. São eles com link do Twitter dos que eu lembrei:
Andre Matos, Andrea Milan, Bruno Bergher, Carcarah, Claudia Melissa, Carlos Merigo, Carlos Pitchu, Daniel Burle Orlandine, Diego Zambrano, Doda Ferrari, Eduardo Queiroz,Fabio Resende, Francis Tcheliski, Gabriela Almeida, Helena Nacinovic , Isi, Jairo Gruenberg, Janaina Zen, Jorge Vacarini, Julio Gurgel, Karla Lopez, Leonardo Martins, Luiz Cesar Pimentel, Luciano Branco, Marcelo Vial, Marcos Souza Aranha, Mario Cereda, Marcus Cardoso, Pablo Silva, Pedro Einloft, Sylvia Collis, Sylvie Piccoloto, Vanderlei Mastropaulo e Vicente Guerra.

O Lançamento

Até que resolvemos lançar o site para ver no que daria. Ainda não estava completo mas gostaríamos de lançar e ver se teria resposta. Fomos novamente para o Prime Burger e de lá colocamos o site no ar. Do Twitter e de farra, postamos que o site estava no ar e o beta tester Carlos Merigo do Brainstorm9 (site que eu também escrevo de vez em nunca) respondeu por DM no Twitter

posso publicar nas rapidinhas?

Respondi que sim. Ele publicou e tuítou e o resto é história. Começamos a ter um volume de cadastros e reviews bem superior ao que estávamos esperando. Centenas de pessoas retuitando e indicando o site, reviews novos a cada segundo e até uns primeiros trolls. Ficamos a primeira semana correndo atrás do que faltava no site, analisando o uso que as pessoas estavam dando para ele e preparando uma lista de coisas para um próximo release. Como estávamos pensando apenas no mercado internacional, estávamos esperando um começo completamente morno e tranquilo. O que, claro, não aconteceu. E hoje eu acho isso sensacional. Nesse último mês, tive uma experiência profissional que não havia tido até hoje em agências. Sério.

Alguns resultados

No dia que lançamos o moovee.me fizemos uma busca no Google para ver quantas ocorrências apareciam. O resultado? 167. Hoje eu fiz essa mesma busca e o resultado deu 160 mil resultados.
E esse não é o único resultado legal que tivemos. Nesse primeiro mês, tivemos quase 40 mil reviews de 5 mil filmes diferentes. Sensacional. E devemos isso a vocês.

Embora eu já trabalhe com comunidades online desde 2001(primeiro em e-learning e depois em redes sociais), ver uma nova comunidade ser criada e ser um dos responsáveis por isso é algo único. Ver que algumas coisas que eu sabia que funcionavam mas tinha dificuldade de provar foram ótimas. Tudo o que conseguimos foi por causa do boca a boca em redes sociais e a prova de que isso funciona foi ver que:

  • 90% das pessoas que entram na página de cadastro concluem o mesmo. Isso só se consegue por indicação.
  • Ver que blogs influentes te dão uma ajuda na divulgação é ótimo e sempre ajuda mas ver que as indicações contínuas feitas por amigos mantém o site crescendo também é uma alívio. É um crescimento orgânico e constante.
  • É legal ver que existem vários grupos além da merigocracia(inside joke) da blogosfera e também é legal ver que o Twitter tem um papel fundamental hoje em qualquer iniciativa online.

Pequenas coisas

Hoje, no moovee.me, são as pequenas coisas que me deixam super feliz. Descobrir uma nova pessoa com bom gosto para seguir, descobrir filmes novos para colocar na wishlist e depois assisti-los (foi assim com o sensacional Dogtooth), ver pessoas realmente fazendo reviews de filmes e usando o site com vontade de dedicação.
E também são as pequenas coisas que nos deixam super motivados em melhorar o serviço. Ver pessoas fazendo reviews de filmes que ainda querem ver, reviews sem conteúdo, Top users apenas por número de reviews e etc são algumas das pequenas coisas que mostram usos e maneiras diferentes de participar do moovee.me e que nos fazem pensar em como resolver isso para o usuário e manter o objetivo do site: reviews rápidos de até 140 caracteres.

É isso. Sabemos que ainda temos apenas um mês e muita coisa para fazer mas queria agradecer a todos vocês que ajudaram a criar o moovee.me. Seja fazendo um post, um comentário legal ou tentando ajudar de alguma forma. Pessoas como Eduardo Duccigne, o pessoal do Camiseteria (Fabio Seixas/ Rodrigo David e a comunidade), o Gui Cury, a Loverox, o Mauro Amaral,o Bob Wollheim e todo mundo que clicou no botão “curti” no moovee.me, que está na nossa fan page e todo mundo que indicou ou comentou sobre o site com os amigos.

E se por acaso quiser seguir o moovee.me no Twitter, criamos um perfil apenas para a comunidade brasileira: @mooveemeBR.

Muito obrigado por tudo.

Agora que eu já agradeci a quase todos, deixa eu voltar a pensar em coisas novas para o moovee.me.

12 thoughts on “Bastidores do moovee.me”

  1. Marcelo Aragão

    Cara, ficou muuuito bom mesmo. Tenho indicado o site pra várias pessoas.
    Parabéns pelo sucesso.

    Abraço

  2. Pingback: moovee.me – processo criativo e lançamento « Brainstorm #9

  3. Pingback: moovee.me – processo criativo e lançamento - i.magini.me

  4. Olá, Daniel. Antes de tudo: fiquei muito feliz em descobrir que se tratava de um projeto nacional. Como tinha visto no rodapé a Netflix, achei que se tratava de algo gringo. Nada a ver com “oh, brasileiros tbm fazem algo bom”, pq sei que fazem. Mas é bom saber que vou poder trocar ideias sobre o job na minha língua.

    Sou cinéfilo e crítico de cinema (www.diversita.com.br) e gostei muito do Moovee.me por sua praticidade, como vc tanto enfatiza neste making of. Acontece que eu tbm sou consultor de comunicação digital, trabalhando mais especificamente com redes sociais. Estou prestes a começar um projeto legal pra uma grande empresa de comunicação aqui em minha cidade, todo baseado na ideia de participação e colaboração e uma dúvida me veio: vc acha que o sistema de rankeamento é um dos fatores vitais para o ritmo interno da aplicação? Quero dizer: você acredita que fazer com que os usuários disputem entre si, mesmo quando não se trata de entretenimento, por exemplo jornalismo, é uma questão importante?

    A minha sugestão para futuros acréscimos ao seu ótimo trabalho, é um agente de indicações de seguidores por estilo de filme… sei que é algo complicado, mas é uma sugestão =). A outra é: nos dê um widget! Lá no blog eu adicionei minhas atualizações no site através do RSS, mas um widget vai te dar ainda mais viralização.

    Grande abraço!

    1. Oi Ricardo,

      legal que você veio comentar aqui. FIz um post no Brainstorm9 em que falo mais sobre o tema com o foco em comunicação. Depois dá uma olhada.
      Sobre o seu projeto, acho que depende. As pessoas devem se sentir donas do projeto. A competição é legal mas causa efeitos colaterais como fazer qualquer coisa para atingir a meta e acho que no seu caso não é o ideal. Hoje no moovee.me temos alguns usuários fazendo reviews sem texto apenas para chegar aos Top Users. Não é o tipo de uso que ajuda os outros usuários mas pode atender a quem está fazendo os reviews, né? Algo como um arquivo dos filmes que já viu.

      Porque não tentar fazer com que os usuários colaborem ao invés de competir? Pode ser um caminho. Cada um tem um expertise mesmo.

      Valeu pelas sugestões. Se puder, coloca na aba Feedback (ou vota se já estiver lá) do moovee.me. O widget é uma coisa muito pedida ultimamente. Estamos estudando fazer isso mas, no momento, nosso foco é melhorar o serviço.

        1. Terradeu,

          nesse momento estamos usando o banco de dados da Netflix, ou seja, apenas os filmes que aparecem no banco de dados deles é que aparecem no moovee.me.
          Então, não temos como acrescentar filmes por enquanto mas estamos considerando se vale fazer isso no futuro.

  5. Realmente muito bom o que voces fizeram!

    E muito interessante voce nos contar uma parte do que aconteceu, motivando assim novos empreendimentos brasileiros, que é o que falta para tornar o potencial de nossa grande população em serviços úteis, inovadores e usados pelo mundo todo.

  6. Olá Daniel, tenho que escrever sobre uma rede social. É um trabalho para a faculdade. Tenho que descrever sobre a história, as ferramentas, se há espaço para patrocinadores e propaganda, etc…
    Escolhi o moovee-me e apesar de vc explicar passo a passoa idéia ainda fiqueio com umas dúvidas técnicas. Será que vc poderia me explicar o que são os termos App, apis, IMDB? Gostaria também de saber porque o site não é em português. Obrigada pela ajuda e parabéns pelo sucesso.

    1. Oi Débora, Só vi seu comentário agora. Foi mal.

      App=Aplicativo

      API=A wikipedia define assim: http://pt.wikipedia.org/wiki/API

      IMDB= Internet movie database. É uma empresa da Amazon. Você pode ver no IMDB.com lá tem dados de quase todos os filmes já feitos.

      O site não é em português por alguns motivos mas os principais são:
      1)Porque estávamos mirando no mercado internacional no primeiro momento.
      2) porque o IMDB cobra para as empresas poderem usar seu banco de dados. E, mesmo assim, os dados em português não são dos melhores. Como não temos um parceiro brasileiro para fornecer o banco de dados preferimos manter tudo em inglês a ter metade do conteúdo traduzido e os dados dos filmes, sinopses e etc não.

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